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Data Warehouse (DW) e-SUS APS

1. Conceito Geral​

O Data Warehouse (DW) é um repositório central de dados organizados, responsável por armazenar e disponibilizar as informações utilizadas para a geração dos relatórios do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) – e-SUS APS.
Ele permite que profissionais com conhecimento em banco de dados extraiam informações relevantes de maneira eficiente, apoiando análises e decisões em saúde.

2. Estrutura do DW​

O DW do e-SUS APS possui arquitetura multidimensional, composta por três principais componentes:

2.1. Tabelas Fato​

  • Armazenam dados quantitativos e métricas.
  • Representam os eventos principais (ex: atendimentos, procedimentos, vacinas aplicadas).

2.2. Tabelas Dimensão​

  • Armazenam dados qualificadores das Tabelas Fato.
  • Exemplo: profissionais, estabelecimentos, equipes, tipos de atendimento, períodos, territórios.

2.3. Visualizações​

  • Estruturas independentes que consolidam eventos específicos do sistema.
  • Permitem consultas otimizadas e cruzamento de dados entre diferentes origens.

3. Processo de ETL (Extração, Transformação e Carga)​

3.1. Extração​

  • Realizada conforme o Layout e-SUS APS de Dados e Interface (LEDI).
  • Dados são extraídos de diversas fontes, incluindo:
    • Aplicativos móveis do e-SUS APS
    • Sistemas próprios (via Thrift ou integração externa)

3.2. Transformação​

  • Os dados passam por validação, limpeza e padronização.
  • São organizados de acordo com o modelo multidimensional.

3.3. Carga​

  • Informações transformadas são armazenadas nas Tabelas Fato e Dimensão.
  • As Visualizações são populadas com dados consolidados, prontos para análise.

4. Disponibilização dos Dados​

4.1. Acesso​

  • Os dados ficam disponíveis após o processamento completo.
  • Instalação Prontuário: acesso total a dados quantitativos e individualizados.
  • Instalação Centralizadora: acesso apenas a dados quantitativos e não individualizados.

4.2. Segurança​

  • Atentar sempre aos dados criptografados de cada tabela.
  • O compartilhamento de informações deve seguir as políticas de segurança e privacidade de dados do SUS.

5. O que Precisa Ser Estruturado​

Para o funcionamento eficiente do Data Warehouse (DW) do e-SUS APS, é necessário garantir uma base sólida que envolva equipe técnica qualificada, infraestrutura adequada, governança de dados e pactuações institucionais bem definidas.

5.1. Equipe Técnica Capacitada (BD, ETL, DW)​

É essencial contar com profissionais especializados em banco de dados, modelagem multidimensional e processos de ETL.
Esses profissionais devem compreender tanto os aspectos técnicos quanto as regras de negócio do e-SUS APS, assegurando a qualidade no carregamento, transformação e interpretação dos dados.

5.2. Infraestrutura Adequada​

Municípios e estados devem dispor de:

  • Servidores estáveis e escaláveis, com bom desempenho e capacidade de expansão.
  • Armazenamento suficiente e boa conectividade de rede.
  • Backup seguro, redundância e planos de recuperação rápida em caso de falhas.
atenção

O servidor do DW deve ser independente do servidor do Prontuário Eletrônico, garantindo isolamento de carga e segurança.

5.3. Governança de Dados​

A governança de dados assegura segurança, integridade e conformidade no uso das informações.
Inclui:

  • Definição de papéis e perfis de usuários, limitando o acesso apenas a pessoas autorizadas.
  • Estabelecimento de políticas de segurança e privacidade, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
  • Criação de fluxos formais para auditoria e controle de acesso.

5.4. Pactuação Bipartite (Quando Couber)​

As pactuações bipartites garantem que as informações produzidas pelos municípios sejam efetivamente processadas, disponibilizadas e utilizadas de forma padronizada.
Esses acordos fortalecem a cooperação entre esferas municipal e estadual, promovendo a sustentabilidade técnica e institucional do DW.

6. Etapas de Estruturação​

O processo de implantação e consolidação do Data Warehouse deve seguir etapas progressivas, que asseguram consistência e escalabilidade.

6.1. Diagnóstico Inicial​

  • Levantamento da infraestrutura existente, da equipe técnica e dos sistemas envolvidos.
  • Identificação de possíveis lacunas de hardware, software e capacitação.

6.2. Projeto Piloto​

  • Selecionar um domínio prioritário (ex: vacinação ou atendimentos individuais).
  • Configurar o processo de ETL, validar cargas de dados e relatórios iniciais.
  • Ajustar a modelagem multidimensional conforme a necessidade.

6.3. Expansão Progressiva​

  • Incluir novos domínios de dados (ex: procedimentos, visitas domiciliares, atividades coletivas).
  • Ampliar integrações e refinar indicadores conforme a maturidade do ambiente.

6.4. Consolidação das Rotinas​

  • Definir cronogramas de processamento e validações regulares de indicadores.
  • Treinar equipes técnicas, de gestão e de saúde para o uso contínuo do DW.
  • Documentar processos e manter histórico de versões.

6.5. Governança e Auditoria​

  • Implantar rotinas formais de auditoria e monitoramento contínuo da qualidade dos dados.
  • Realizar:
    • Validação de consistência e integridade dos dados.
    • Acompanhamento da performance dos servidores.
    • Definição de regras claras para reprocessamentos e controle de logs.

Resultado esperado:
Um ambiente de Data Warehouse estável, seguro e sustentável, que permita análises estratégicas e decisões baseadas em evidências para o fortalecimento da gestão em saúde.

7. Vantagens do DW​

7.1. Exploração Total dos Dados​

  • Permite análises adaptadas à realidade local (município ou estado).
  • Criação de relatórios personalizados e indicadores específicos.
  • Comparação entre períodos, regiões, equipes e estratégias.

7.2. Tomada de Decisão Baseada em Evidências​

  • Apoia decisões com base em dados atuais e organizados.
  • Identifica falhas e gargalos nos serviços.
  • Melhora a alocação de recursos e o planejamento estratégico.

7.3. Integração de Múltiplas Fontes​

  • Consolida dados de toda a Estratégia e-SUS APS (apps, sistemas próprios, Thrift).
  • Oferece uma visão ampliada do território.

7.4. Autonomia Técnica e Analítica​

  • Geração de dashboards e painéis interativos.
  • Análises contextualizadas conforme as necessidades locais.

7.5. Apoio à Regionalização​

  • Facilita visão integrada por região em contextos de prontuário multimunicipal.

8. Boas Práticas de Uso​

Validação: confirme sempre os dados consultados com as áreas responsáveis.
Padronização: utilize relatórios oficiais sempre que possível.
Segurança: nunca compartilhe dados sensíveis fora do ambiente seguro.
Documentação: registre consultas e scripts mais utilizados.
Capacitação: solicite apoio técnico em caso de dúvidas.
Confidencialidade: não encaminhe relatórios com dados sensíveis fora dos canais autorizados.

9. Recomendações​

Um DW bem estruturado transforma dados brutos em informações estratégicas para a gestão em saúde.
A implantação requer:

  • Esforço técnico e governança de dados.
  • Cooperação entre municípios e estados.

10. Desafios Comuns​

  • Falta de equipe técnica especializada.
  • Questões de segurança e privacidade.
  • Dados incompletos ou inconsistentes.
  • Falta de padronização no envio via LEDI.
  • Limitações de conectividade e infraestrutura.
  • Performance lenta ou gargalos de processamento.
  • Conflitos de responsabilidade (município × estado).
  • Risco de reprocessamentos e alterações retroativas.

11. Conclusão​

O Data Warehouse do e-SUS APS é uma ferramenta estratégica para a transformação digital na Atenção Primária à Saúde.
Com ele, é possível ampliar a visão sobre os dados, qualificar a gestão e fortalecer a tomada de decisão baseada em evidências.